Olavo de Carvalho e o senso de justiça

Na noite de 24 de janeiro, às 22h45min (horário da Virgínia), faleceu o Professor, Filósofo e Escritor (tudo isso com inicial maiúscula) Olavo de Carvalho ― homem plural e único! Sua personalidade podia ser captada em espectro desde a ironia galhofeira ao rigor metodológico, a ponto de desconcertar quem comparasse seus tuites à sua densa filosofia.

A morte do Professor era evento tão inescapável quanto o é valor de sua vida e obra. A partir de agora, cabe a seus admiradores, alunos e discípulos dar repercussão à sua voz com reverência e altivez, tendo em vista a importância de difundir seu pensamento. Se se dispuserem a isso, terão à disposição um conjunto de publicações, os episódios do True Outspeak, as aulas do Curso On-line de Filosofia (COF) e uma infinidade de vídeos disponíveis em seu canal Olavo de Carvalho no YouTube.

Colhi de sua obra mais popular alguns excertos relativos à temática da justiça, para justificar minha adesão ao bordão com que o povo brasileiro o saldava publicamente, com um pequeno ajuste contingencial: o acréscimo do advérbio “ainda”. Afinal, a morte não fez Olavo deixar de ter razão, apenas demonstrou que ele vislumbrou a verdade e, graças à Providência, teve força moral e inteligência para proclamá-la!

   Olavo tinha razão quando disse:         

Só aquele que, na solidão, saber ser rigoroso e justo consigo mesmo ― e contra si mesmo  ― é capaz de julgar os outros com justiça, em vez de se deixar levar pelos gritos da multidão, pelos estereótipos da propaganda, pelo interesse próprio disfarçado em belos pretextos morais. (O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, artigo “Sem testemunhas”)

(…) não há perdão para aqueles que, vivendo das profissões da inteligência, a rebaixam e a humilham. (O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, artigo “O poder de conhecer”)

Nem todos os seres humanos foram brindados pela Providência com  percepção espontânea e o julgamento certeiro de seus pecados. Sem esses dons, o anseio de justiça se perverte em inculpação projetiva dos outros e em “racionalização” (no sentido psicanalítico do termo). (O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, artigo “O poder de conhecer”)

Substituída a eternidade pela imagem hipnótica do instante perpétuo, na mesma medida Deus e o Juízo Final já não podiam ser concebidos senão através da expectativa messiânica da “justiça social” ser implantada no mundo por meio do genocídio sistemático. (O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, artigo “A autoridade religiosa do mal”)